domingo, 1 de agosto de 2010



E derrepente a certeza de que não há nada atrás de mim transforma-se na dúvida do que pode haver atrás de mim. O medo de olhar para trás se transforma no medo de continuar olhando para frente. A certeza de que tudo que existe e acontece na escuridão é o mesmo que existe e acontece no claro transforma-se na hipótese de que tudo pode acontecer quando as luzes estão apagadas. A cadeira, o chão as paredes, o teto. Tudo pode sumir quando você não enxerga a própria sombra. A sua vida deixa de ser a sua vida e seu estado mental fica aterrorizado. O vazio é como o inverno, gelado e cruel, um momento que você torce para que acabe logo para voltar à rotina, ver sua família, sair para caminhar, sentir o vento, ler um livro. Mas agora isso é impossível. Você está sozinha, ninguém irá te ouvir se você gritar, ninguém perceberá se você morrer. Estão todos dormindo, e você não consegue dormir. Um turbilhão de pensamentos passam à sua mente, ao mesmo tempo que você não consegue pensar. A única coisa possível no momento é permanecer imóvel e ouvir o próprio coração disparar, batendo forte e incansavelmente, como se houvesse alguém lá dentro desesperado para sair. Você não sente mais frio. Cada minuto demora uma hora para passar. A angústia de esperar esse silêncio acabar se transforma em um quilo de chumbo em suas pálpebras. Finalmente o sono. Finalmente minha salvação. O tempo passa rapidamente e quando eu abro os olhos tudo voltou ao normal de novo.

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